domingo, 14 de novembro de 2010
Sensibilidade
Texto de Jeane Siqueira
Ter sensibilidade
Não é chorar por qualquer bobagem;
Nem se magoar por qualquer coisa;
Menos ainda, se lamentar diante de qualquer dificuldade.
Não é se arrepiar ao ouvir uma bela música;
Nem ficar extasiado diante de uma tela mais cara;
Ou simplesmente gostar de flores.
Ter sensibilidade
É ter compaixão pelos irmãos que sofrem;
É ter perdão para aqueles que erram;
É ter tolerância para os que pensam ou desejam ser diferentes;
É ter paciência com os que se demoram no caminho da evolução;
É querer enxergar as qualidades que há no outro;
É entender que a crítica venenosa fere;
É não alimentar vaidades em si mesmo;
É entender que a cooperação facilita a jornada da vida para todos;
É saber a importância de ouvir sempre;
É ter a humildade de aprender com o outro;
É ter coragem de falar contra o mal;
É ter capacidade de se indignar com as injustiças;
É ter esperança em dias melhores;
É ter confiança na providência divina;
É encontrar Deus em si mesmo e no próximo.
Ter sensibilidade é estar com os sentimentos sintonizados às necessidades alheias e ser capaz de enxergar no próximo o pai, a mãe, o irmão ou o próprio filho. Pois ainda hoje e sempre, amar o próximo como a si mesmo, desejando para ele apenas aquilo que se deseja para si mesmo, é a lei. Sejamos, então, sensíveis!
Autora: Jeane Siqueira
Produzido em 20/07/2002
MÃE É UMA LIÇÃO
Autora: Jeane Siqueira
Toda mãe é para o filho
Um exemplo a ser seguido
Atitudes e palavras
Tudo vai ser aprendido
Se a mãe é generosa
O filho é desprendido
Se a mãe é carinhosa
O seu filho é afetivo
Se ela é forte e valente
O filho é bravo, corajoso
Se é mãe trabalhadora
O filho não é preguiçoso
Se a mãe é só gentileza
O seu filho é delicado
Se a mãe cultiva a alegria
O filho é bem-humorado
Se a mãe tem fé em Deus
Seu filho é religioso
Se é mãe honesta e leal
O filho será virtuoso
O filho se espelha na mãe
Copiando seu modo de vida
E quando tiver os seus filhos
Repassa a lição aprendida
Que sejam todas as mães
Uma boa lição para o filho
Porque Deus está atento
Nada lhe fica escondido
Mãe é sinônimo de amor
É presença de Deus no lar
E Deus se orgulha da mãe
Que bom exemplo sabe dar
UMA CASA SEM PORTA
Jeane Siqueira
É redonda
Pintadinha de azul
Com inúmeras emendas
Verdes e magentas
Não tem porta
Não tem janelas
É casa sempre aberta
Não tem teto
Só tem chão
Quilômetros de extensão
Nela cabe todo o mar
Toda mata e montanhas
E há pássaros a voar
Bailando dentro dela
Mas é casa maltratada
Ameaçada de extinção
Fica na rua do universo
Dentro do meu coração
segunda-feira, 8 de novembro de 2010
CHOVEU POESIA
Texto de Jeane Siqueira
Choveu!
As ruas do Recife alagadas
Refletiam o céu cinzento de julho
E as múltiplas cores dos automóveis
Que nas ruas permaneciam imóveis
O tempo dormia na tarde chuvosa
Em que o trânsito estava engavetado
Dificultando o tráfego na pista
Da movimentada Conde da Boa Vista
Dentro do carro, vidros fechados
Sem rádio ligado, sem carona ao lado
O silêncio cresceu, trouxe-me a inspiração
Versos no papel como gotas de chuva ao chão
domingo, 7 de novembro de 2010
REI ZUMBI
Texto de Jeane Siqueira
Muitas batalhas foram vencidas
Graças à bravura de um homem
Um homem negro, herói de um povo
Zumbi dos Palmares é o seu nome
Seus passos seguiram com firmeza
O precioso caminho da liberdade
Seu sangue derramado na luta
Fez brotar sementes de fraternidade
Muitos outros heróis se ergueram
No exemplo de vida do rei Zumbi
Igualdade, justiça e liberdade
De tudo isso, não se pode desistir
Rei que falava de liberdade
Rei que lutava na proteção de xangô
Grande guerreiro, força e coragem
Rei dos Palmares onde feliz se cantou
Rei sem coroa é rei de verdade
Vem coroado pelo que é, seu valor
Faz a justiça, lei da igualdade
Faz a vontade do povo, tem fé, tem amor
Quem matou rei Zumbi, não matou
A força negra do povo nagô
Quem pra senzala um negro arrastou
Não pôde evitar o vendaval que soprou
Zumbi, Zumbi!
Grande rei Zumbi!
LUGAR DE CRIANÇA É NA ESCOLA
Texto de Jeane Siqueira
I
Quando o pai desempregou
E a pobre mãe adoeceu
João deixou de estudar
Abandonando os sonhos seus
II
Trabalhou pegando frete
Na quitanda de Mateus
Um velho carro de mão
Foi o que seu pai lhe deu
III
E esse tal carro de mão
Andava sempre carregado
Dos fregueses da quitanda
João ganhava uns trocados
IV
Trabalhava todo dia
Sem tempo para brincar
Mas sempre vendo os amigos
No campinho a jogar
V
A professora sentiu falta
Da presença de João
Foi falar com a família
Pra pedir explicação
VI
Deu conselhos pra sua mãe
Pra seu pai, pra seu avô
Exigiu que João voltasse
Mas de nada adiantou
VII
Disseram que era tolice
Ter um filho estudando
Se a pobreza era grande
Se tudo estava faltando
VIII
É que a mãe de João gostou
De ver o filho trabalhando
Era pouco o que ganhava
Mas estava ajudando
IX
E o tempo foi passando
João cresceu sem estudar
Ficou pobre a vida inteira
Não pôde nem se casar
X
Quando os pais faleceram
João ficou sozinho no mundo
Trabalhando noite e dia
Sem descansar um segundo
XI
E o tempo trouxe a velhice
Levando as forças de João
Que deixou de levar frete
No seu carrinho de mão
XII
Na Praça Chora Menino
João viveu pedindo esmola
Vendo crianças brincando
Outras indo pra escola
XIII
Como seria a sua vida
Se tivesse estudado?
Será que ele estaria
Naquela praça largado?
XIII
Lembrava da sua infância
Dos seus sonhos de menino
Se tivesse estudado
Compraria um violino
XIV
Na orquestra do Recife
Tocaria com amor
E casaria com uma flautista
De olhar encantador
XV
E assim teria muitos filhos
Um da polícia, outro doutor
O mais novo grande artista
E o mais velho professor
XVI
Mas pro coitado do João
Restou frio, fome e tosse
E o banco daquela praça
Que o enchia de micoses
XVII
Antes que a morte chegasse
Ele pôde compreender
Que feliz é a criança
Que estuda e tem lazer
AVE MARIA
Texto de Jeane Siqueira
Ave Maria, Mãe de Jesus
Mãe dos filhos do Criador
Sem fazer distinção de cor
Ou da fé que os conduz
Santa Maria, plena de graça
Um modelo para toda mulher
Um exemplo de mãe e de fé
Que os filhos de Deus abraça
Doce Mãe, roga por nós
Junto ao trono de Deus Pai
Que eternamente vai
Escutar tua meiga voz
Somos, sim, ainda crianças
Necessitados de ternura
Em meio a ferrenha luta
Contra a dor que nos alcança
Sem o amparo fraternal
Dos que servem por Amor
Somos frágeis como uma flor
Ao sabor de um vendaval
Pois de provas e expiações
É o planeta que nos abriga
E nas horas mais aflitas
Suplicamos consolações
Divina Mãe Celestial
Quando a noite é mais escura
Nossa alma, então, procura
O teu colo maternal
Sob o teu manto sagrado
Sentimo-nos protegidos
E teu nome tão bendito
Há de sempre ser louvado
Nosso amor e gratidão
Tens por toda eternidade
Pois em teu ventre guardaste
O caminho da redenção
Bendita entre as mulheres
Santíssima entre os homens
Mãe de Amor é teu nome
Que atende as nossas preces
Amém!
NEGRA EU
Texto de Jeane Siqueira
Sou negra
Vivo como vive a lua
Que cercada de estrelas
Faz a noite ser só sua
Sou negra
Estou aqui no meio da rua
Na cabeça um ijexá
Eu batuco a pele crua
Negra eu
Pisando a lua
Deixo flores onde há
Terra seca ou terra dura
Negra eu
Pisando a lua
Meus Senhores Orixás
Minha alma negra é pura
Sou negra
Eu encanto quem me escuta
E eu confundo quem me julga
Não sou boba, nem sou burra
Sou negra
Eu sou doce como a uva
Mas se é hora de gritar
Eu boto a cara na rua
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